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TESTE DE BORELLI (SPECIFIC AEROBIC GYMNASTIC ANAEROBIC TEST-SAGAT)-PARTE 2

  • Foto do escritor: Borelli
    Borelli
  • 2 de jul. de 2022
  • 16 min de leitura

Atualizado: 31 de out. de 2024


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Na publicação anterior foi descrita toda a ideia de construção do SAGAT (Specific Aerobic Gymnastic Anaerobic Test) também conhecido por Teste de Borelli onde foram explanados fatores referentes aos aspectos metabólicos, citações na literatura acadêmica, protocolo do teste e todo o processo de validação do mesmo.


Como vimos previamente, o Teste de Borelli foi devidamente validado mas o artigo original publicado na Plos One em 2015 (https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0123115) traz como único parâmetro de avaliação o tempo total para a realização do SAGAT, mas além disso existe um repertório mais amplo a ser devidamente explorado (Indicador Numérico, Diferença entre as Séries, Índice de Fadiga, Percentual de Queda de Desempenho, Diferença de Tempo entre os Bouts e Índice de Fadiga entre os Blocos de Bouts) que serão abordados no decorrer do texto.


Como já descrito no outro post, avaliar o desempenho anaeróbio parece ser uma estratégia interessante para a prescrição e o ajuste das cargas do treinamento físico dos ginastas de Aeróbica.


A ideia inicial era publicar essa segunda parte do SAGAT em alguma revista acadêmica junto ao companheiro Christiano Roblles, mas achamos que uma melhor opção seria utilizar o blog como a via de acesso mais plausível para explanar com mais detalhamento tudo o que envolve a análise do teste.


O principal objetivo dessa postagem é descrever como o Teste de Borelli pode contribuir para a Ginástica Aeróbica e apresentar algumas atualizações e recomendações práticas que possam auxiliar técnicos e preparadores físicos que trabalham com essa modalidade, então mãos à obra!


SUGESTÕES PRÁTICAS PARA EVITAR INTERFERÊNCIA NA APLICAÇÃO DO SAGAT


Assim como nas competições, uma série de fatores externos interferem no

desempenho de um atleta durante a execução de um teste de desempenho em campo e, portanto, devem ser considerados para a sua aplicação.


Foram destacados abaixo alguns dos fatores que podem interferir no desempenho do SAGAT e suas devidas sugestões práticas:


* Motivação = O aplicador do teste (normalmente o treinador) deve utilizar estímulo verbal durante toda a execução do Teste de Borelli.


* Ritmo circadiano = Aplicar os testes no início da sessão de treino habitual de cada atleta e caso houver reteste aplicar no mesmo ponto temporal.


* Aquecimento = Realizar um aquecimento geral seguido por um aquecimento específico breve, incluindo os elementos utilizados no teste.


* Uso agudo de remédios ou suplementos alimentares = Não utilizar suplementos ou remédios que possam estimular de forma aguda o desempenho físico no dia do teste.


* Fadiga = Utilizar um tempo de recuperação adequado no microciclo de treinamento para a realização do SAGAT.


COMO INTERPRETAR OS RESULTADOS DO SAGAT?


O SAGAT foi desenhado para ser um teste simples de ser conduzido no próprio

ambiente de treinamento, não necessitando do auxílio de equipamentos sofisticados.


Da mesma maneira, analisar o desempenho do Teste de Borelli é rápido e descomplicado, uma vez que se trata de um “time trial(teste contra-relógio) no qual a variável final é um único valor numérico.


No artigo original destrinchado no último post, ao avaliar 30 atletas durante a fase de competição foi observado que o tempo médio para executar o SAGAT foi de 86 segundos enquanto que valores superiores a 90 segundos foram observados antes da fase preparatória, na qual os atletas não estão perto do seu melhor desempenho físico. (Figura 01)

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Além do tempo de execução total do teste e do tempo de cada série, foi proposto abaixo análises adicionais que podem trazer informações sobre a potência, resistência e a fadiga de cada atleta.


Essas análises que serão descritas a seguir, podem atuar como métricas auxiliares para o controle do treinamento dos ginastas no dia-a-dia e possíveis intervenções e correções de rumo determinadas pelo treinador a partir delas.


1- INDICADOR NUMÉRICO


Inicialmente a potência de cada atleta pode ser calculada utilizando a seguinte fórmula:


Potência (Watts) = Massa corporal x (Distância)² / (Tempo sequência)³

onde a Distância é a distância percorrida no total de cada sequência (11 metros) e Tempo sequência é o tempo de execução da mesma sequência (bout).


Como visto no post anterior o ginasta percorre em cada sequência 7 metros de um ponto (A) para o outro (B), mais 2 metros até ultrapassar a linha para a execução dos elementos e outros 2 metros para retornar novamente ao mesmo ponto (B), totalizando desta forma 11 metros percorridos para finalizar cada bout. (Vide figura 02)

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Obs*- O vídeo do SAGAT está disponibilizado na parte final desta postagem.


Voltando à formula citada mais acima, se por exemplo uma atleta tiver 65 Kg e o tempo de execução da sequência for de 6” 71,e com a distância fixa de 11m, a Potência (Watts) seria de 26,03.


O treinador pode optar por não considerar a massa corporal nos cálculos caso variações na massa corporal sejam esperadas na periodização dos ginastas.


Nesse caso, o único valor que irá afetar a equação é o próprio tempo de execução de cada sequência uma vez que a distância terá um valor fixo (11 metros).


Para fins didáticos, esse valor absoluto foi denominado como Indicador Numérico e o mesmo será utilizado como referência em todo o decorrer do texto desta postagem.


Assim o Indicador Numérico seria simplesmente a Distância dividida pelo Tempo.


Por exemplo, se o tempo de execução da sequência foi 6” 71 na distância fixa de 11m, o Indicador Numérico seria 1,64 conforme demonstrado no cálculo abaixo:

Indicador Numérico = Distância / Tempo

Ex: Tempo de execução da sequência = 6” 71


Indicador Numérico = 11 / 6” 71


Indicador Numérico = 1,64


Esse cálculo deve ser realizado com cada sequência do SAGAT, sendo então possível calcular as seguintes variáveis:


- Indicador Numérico máximo (série) = maior valor de cada série


- Indicador Numérico médio (série) = média dos valores da soma das 6 sequências de cada série


- Indicador Numérico mínimo (série) = menor valor de cada série

- Indicador Numérico máximo (teste) = média entre o Índice Numérico máximo da 1° e 2° série


- Indicador Numérico médio (teste) = média entre o Índice Numérico médio da 1° e 2° série (Esse ítem é o principal critério de controle do SAGAT nesse quesito do teste)


- Indicador Numérico mínimo (teste) = média entre o Índice Numérico mínimo da 1° e 2° série


Cabe ressaltar que o uso do Indicador Numérico não altera a análise estatística de qualquer comparação entre diferentes testes quando equiparado com o uso do tempo de execução em si.

Contudo, a experiência prática tem demonstrado que o Indicador Numérico facilita o entendimento do desempenho final por parte dos atletas e do próprio treinador, principalmente por se tratar de um número mais simples de ser visualizado do que o tempo parcial de cada sequência, por exemplo, motivo pelo qual eu utilizo apenas o Indicador Numérico nas minhas análises do Teste de Borelli.


2 - ÍNDICE DE FADIGA (IF)


O Índice de Fadiga (IF) expressa a capacidade que o atleta tem de suportar estímulos de alta intensidade e a sua relação com a queda significativa de desempenho.


Para estimar esse índice foi adaptada a metodologia previamente aplicada para testes de campo em jogadores de futebol baseado no artigo Análise da potência anaeróbia de jogadores de futebol de três categorias, por meio do “Teste de Velocidade para Potência Anaeróbia” (TVPA) do Running Based Anaerobic Sprint Test (RAST), publicado em 2018 por Pellegrinotti et al.


O Índice de Fadiga, tanto das séries como o do teste, é calculado utilizando os Indicadores Numéricos máximo e mínimo da seguinte forma:


Índice de Fadiga em % (série) =


(Ind. Num. máx. série – Ind. Num. mín. série/ Ind. Num. máx série) x 100


Índice de Fadiga em % (teste) =


(Ind.Num.máx. média-teste Ind. Num.mín.média-teste/Ind.Num.máx.média-teste ) x 100


3 - PORCENTAGEM DE QUEDA DE DESEMPENHO (PQD)


A Porcentagem de Queda de Desempenho (PQD) utiliza os Índices Numéricos de todas as sequências do SAGAT, enquanto o Índice de Fadiga (IF) leva em consideração apenas a melhor e pior sequência, o que poderia interferir de forma negativa na análise final em função de um bom ou mau desempenho no primeiro bout de cada.


Para aferir esse indicador, foi utilizada como referência a equação extraída da obra Fisiologia do exercício intermitente de alta intensidade (Franchini,2010) como demonstrada abaixo:



PQD (SÉRIE) = 1 - [(S1+S2+S3+S4+S5+S6) / S melhor] x 6


PQD (TESTE) = 1 - [(S1+S2+S3+S4+S5+S6+S7+S8+S9+S10+S11+S12) / (S melhor)] x 12


Onde: (S= Tempo da sequência)



4 - DIFERENÇA DE TEMPO ENTRE AS SÉRIES


Um cálculo simples seria a avaliação da diferença (em %) do tempo de

execução da primeira série para a segunda série do SAGAT.


Como veremos mais adiante, através das centenas de testes já aplicados, é natural uma queda, uma manutenção ou até uma mínima melhora no desempenho na segunda série do teste.


Portanto, avaliar a magnitude da diferença de tempo entre a primeira e a segunda

série do SAGAT seria um parâmetro sobre a resistência a fadiga de um atleta.


Para isso utilizamos o seguinte cálculo para obter o percentual da diferença do tempo entre as séries:


Diferença do tempo em % entre as séries (Diferença entre as séries)

Diferença entre as séries = (Tempo total 1° série – Tempo total 2° série / Tempo total 1° série) X 100


5 - DIFERENÇA DO TEMPO ENTRE BOUTS E ÍNDICE DE FADIGA ENTRE OS BLOCOS DE BOUTS.


Uma outra análise importante é avaliar a diferença de tempo entre um e outro bout e também analisar o Índice de Fadiga entre um bloco de bouts (sequências) e outro.


O bloco 1 é composto pela média dos bouts 2 e 3 ( o bout 1 é excluído por se tratar da primeira e mais rápida sequência, ficando mais diretamente relacionado ao Indicador Numérico Máximo de cada série) e o bloco 2 é integrado pela média dos bouts 4,5 e 6.


Essa comparação entre as sequências e blocos podem demonstrar o momento da queda mais incisiva dos indicadores numéricos de cada série e do próprio teste e servir como parâmetro de performance do avaliado.

COMO UTILIZAR OS DADOS DO SAGAT DURANTE A PLANIFICAÇÃO ANUAL NA GINÁSTICA AERÓBICA?


O Indicador Numérico médio e a Diferença entre as séries são os dois parâmetros mais utilizados no cotidiano da equipe para comparar os resultados de um atleta durante uma determinada temporada.


Quanto mais treinado estiver o atleta, maior tende a ser o Indicador Numérico médio e menor tende a ser a Diferença entre as séries.


Nota-se também uma diminuição nos valores do Tempo para completar cada série e consequentemente do próprio teste, Índice de Fadiga (IF), Percentual de Queda de Desempenho (PQD), Diferença de Tempo entre Bouts e Índice de Fadiga entre os Blocos de Bouts no decorrer das avaliações ao longo do treinamento.


De fato, os testes aplicados nas diversas ginastas desde 2007 indicam que o Indicador Numérico médio aumenta e a Diferença entre as séries diminui durante o ciclo competitivo, indicando uma melhora no desempenho físico do atleta.


Na Figura 3 é apresentada a média desses valores para atletas que realizaram o SAGAT durante temporadas competitivas entre 2007 e 2013.

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É possível observar que no início da preparação as atletas apresentam o menor Indicador Numérico médio da temporada e a maior Diferença de tempo entre as séries, enquanto que no período competitivo há um aumento do Indicador numérico médio e uma diminuição da Diferença entre as séries.


É importante a criação de um banco de dados para cada atleta, pois com o passar das temporadas o treinador terá em mãos um acervo de informações significativas e poderá fazer ajustes importantes no treino em função de alterações dos Indicadores Numéricos do SAGAT e da Diferença entre as séries em momentos específicos da preparação.


Desta maneira, se o atleta costuma apresentar determinados valores em certas fases da periodização, e se por acaso os mesmos estiverem alterados, pode ser um indicativo de necessárias correções no processo do treino.


Por exemplo, no caso de baixos Indicadores Numéricos médios no SAGAT poderão ser feitas reparações, seja nos treinos de força ou das vias anaeróbias em geral, tendo por objetivo otimizar o desempenho anaeróbio lático e melhorar a condição do ginasta neste aspecto.


Quando observada uma diferença de tempo grande entre as séries pode indicar uma atenção mais especial relacionada com a melhora do conteúdo aeróbio a ser desenvolvida pelo atleta.

O SAGAT também é importante para comparar os Índices Numéricos entre os atletas.


Na amostra utilizada no artigo original (n=30) do Teste de Borelli, as ginastas que apresentavam os maiores Indicadores Numéricos médios no SAGAT eram as que dispunham de melhor performance coreográfica, condição atlética e resultados competitivos.


A figura 4 apresenta uma indicação de classificação de ginastas femininas, categorias juvenil (15-17 anos) e adulto (18 anos em diante), de acordo com o Índice Numérico médio do SAGAT e da Diferença entre as séries.


É importante enfatizar que os dados abaixo foram coletados exclusivamente de atletas femininas de uma única instituição, no caso a Sociedade Esportiva Palmeiras.

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Já com relação ao tempo previsto para a execução do teste, o propósito em utilizar séries em torno dos 40 segundos foi para que ocorresse uma alta solicitação da via glicolítica, pois exercícios de elevada intensidade, com mais de vinte segundos de duração dependem mais da glicólise anaeróbia para produzir grande parte do ATP necessário para a continuidade da atividade fundamentado de acordo com Wilmore et als, 2010 (Fisiologia do Esporte e do Exercício).


Segundo a literatura acadêmica (Introducción a la Ciencia del Entrenamiento, Hohmann et als, 2005; Entrenamiento de la resistência: fundamentos, métodos y dirección del entrenamiento, Zintl,1991; Ciência do Treinamento Desportivo, Zakharov e Gomes,1992; La resistência, Valdivielso,1998; Treinamento Ideal, Weineck,1999) os esforços anaeróbios, quando realizados em intensidade máxima e no tempo médio entre 30-45 segundos, atingem seus valores máximos.


O intuito do intervalo de 2 minutos foi proporcionar uma recuperação incompleta e avaliar como seria o comportamento do ginasta na série seguinte.

Segundo Lopes,2010 na obra Cinética de remoção de lactato na definição de pausas para treinamento intervalado de alta intensidade, nas pausas passivas incompletas (geralmente menor que 3 minutos), a PCr é ressintetizada parcialmente e, dessa forma, os exercícios subsequentes irão produzir cada vez mais lactato, o que será importante para as análises das diferenças de tempo entre as séries, tanto na avaliação inicial como nas reavaliações durante a temporada competitiva.


Por se tratar de um teste de solicitação máxima, a frequência cardíaca máxima atingida pelo atleta na execução do SAGAT poderá ser utilizada também para uma orientação mais individualizada dos treinamentos cardiovasculares dos atletas.


As figuras 5 e 6 ilustram as respectivas curvas de performances de 2 testes distintos, sendo possível observar diferenças relevantes entre eles.


Os testes apresentados relatam Indicadores Numéricos médios de atletas femininas da categoria adulto e de diferentes patamares físicos.

A figura 5 apresenta uma ginasta que possui um Indicador Numérico médio de 1,56 sendo classificada, desta maneira, como fraca conforme a tabela da figura 4.


Já a ginasta da figura 06 relata uma uma atleta com o Indicador Numérico médio de 1,71 e classificada como excelente de acordo com a figura 4 já exibida mais acima.

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Devemos também ficar atentos quanto a familiarização do teste pois foi verificado, nestes anos de aplicação do SAGAT, que uma parte das ginastas que executaram o Teste de Borelli pela primeira vez apresentaram a 2°série com valor bem mais elevado do Indicador numérico médio do que na 1°série, o que pode indicar que o esforço não foi máximo na 1° série em função da falta de adaptação ao teste.


Hipoteticamente isso se explica pelo teste ainda não estar totalmente assimilado, fazendo com que a ginasta apresente uma certa insegurança ocasionando perdas na coordenação das ações combinadas, deslocamentos, mudanças de planos e execução rápida dos elementos.

Como já descrito anteriormente, o que parece ser algo próximo de um padrão ideal do SAGAT indica um decréscimo do rendimento no decorrer do teste pois o atleta está em esforço máximo ou ainda uma manutenção ou pequena subida do Índice Numérico médio de uma série para a outra.


APLICAÇÃO DO SAGAT EM MODELOS DISTINTOS DE PERIODIZAÇÕES


O protótipo de periodização adotado para a validação do SAGAT foi o modelo

clássico de Matveiev, entretanto, diferentes propostas de periodizações também tem sido aplicadas na prática do treinamento da Ginástica Aeróbica.


Por exemplo, já utilizei um modelo adaptado na ideia das Cargas Concentradas de Força, proposto por Verkoshansky, para a preparação do trio adulto brasileiro que competiu no Universíade/2011 em Shenzhem, China.


Nessa amostra, o Índice Numérico médio no Teste de Borelli mostrou uma melhora similar ao modelo de periodização clássico de Matveiev, evoluindo a cada bloco do treinamento como mostra a figura 7.

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Da mesma maneira, quando aplicado também uma adaptação de um outro modelo contemporâneo, conhecido por Periodização em Bloco de Issurin (Entrenamiento Deportivo: periodización em bloques; Issurin,2012) também conhecido por modelo ATR (Acumulação, Transformação e Realização) a tendência da curva de rendimento do SAGAT apresentou-se de forma bastante satisfatória.


Essa periodização, utilizada em 2014 para o trio e o grupo adulto brasileiro, tinha 4 importantes picos competitivos naquele ano:


1- Seletiva nacional para o Campeonato Mundial (abril)

2- Campeonato Mundial / Cancún (junho)

3- Campeonato Brasileiro (setembro)

4- Campeonato Sulamericano (dezembro)


Pela necessidade de atingir ápices competitivos (peak) praticamente a cada 2 meses (depois do período de preparação inicial) o ATR se enquadrou perfeitamente com a proposta da preparação, pois é um modelo de periodização destinado à atletas de alto rendimento competitivo neste tipo de situação.

A figura 8 mostra que os Índices Numéricos médios do Sagat se mantiveram elevados no decorrer de toda a temporada competitiva e progrediram do primeiro mesociclo de Acumulação (ACUM 1) até o último mesociclo de Realização (REALIZ 4).

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Parece que, independente do modelo de periodização utilizado, o SAGAT demonstra sensibilidade para detectar mudanças no desempenho durante o processo do treinamento, possibilitando o controle da via anaeróbia glicolítica dentro de qualquer protótipo escolhido.


Em conjunto, esses dados sugerem que desassociado do arquétipo de

planificação utilizado, o SAGAT demonstra sensibilidade para detectar mudanças no desempenho durante o processo do treinamento, possibilitando o controle da via anaeróbia lática dentro do protótipo escolhido.


UTILIZAÇÃO DA PLANILHA DE DADOS


Com todos os dados apresentados até agora faz-se necessário organizá-los de uma forma na qual possamos interpretar a real condição do ginasta e consequentemente realizar as devidas intervenções através do treinamento.


Antes de mais nada é indispensável, durante a realização do teste, coletarmos e anotarmos o tempo de cada sequência utilizando a função LAP de um cronômetro, a qual possibilita registrar o tempo de cada sequência mantendo em paralelo o tempo correndo de forma contínua até o final de cada série do teste.


É importante frisar que a utilização de um cronômetro manual é a mais recomendada.


A figura 9 apresenta um protocolo apropriado para escrever o tempo de cada sequência que posteriormente será necessária para o preenchimento da planilha que efetuará todos os cálculos para a obtenção dos resultados do teste.

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Cumprida a etapa acima partiremos agora para o uso da planilha (de facílimo manuseio e específica para o Teste de Borelli) desenvolvida no Excel.


Obs*- A planilha se encontra disponível no final desta postagem.


Para que possamos ter acesso aos números do teste a única indicação é preencher as lacunas que estão em vermelho no canto superior, conforme indicado na figura 10.


Os cálculos serão realizados de forma automática sendo possível visualizar os resultados nos quadros branco (referentes as séries) e amarelo (relacionado ao teste completo) no outro canto superior da planilha, além de gráficos de desempenho relacionados com a performance das 2 séries do SAGAT localizado na porção inferior.


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A orientação para o preenchimento correto da planilha é da seguinte forma:


Inicialmente deve-se colocar, nas células que se encontram em vermelho, o tempo de cada sequência do Teste de Borelli (fazendo uso do protocolo de coleta sugerido na figura 9) distribuídos nas 2 respectivas séries e os Indicadores Numéricos já serão gerados.


Realizada essa etapa a orientação agora é para se coloque o Índice Numérico máximo e mínimo de cada série nas 2 respectivas lacunas em vermelho e o Indicador Numérico médio será disponibilizado automaticamente.


Para finalizar basta colocar o maior Índice Numérico máximo realizado no teste na lacuna (em vermelho) descrita por MAIOR ÍNDICE NUMÉRICO máximo do TESTE e todos os dados referentes ao SAGAT estarão a disposição do treinador.


Com esses dados inseridos teremos automaticamente calculados os valores destas variáveis referentes aos Indicadores máximo, médio e mínimo das séries e do teste, Índice de Fadiga, Percentual de Queda de Desempeho (PQD) tanto das séries como do teste, Diferença de tempo entre as séries, Diferença de Tempo entre Bouts e Índice de Fadiga entre os Blocos de Bouts.


Além disso, os gráficos gerados na planilha mostrando o desempenho da 1° e da 2° séries junto dos relacionados com a diferença entre os bouts e o índice de fadiga entre os blocos deixam registrado a performance do ginasta podendo ser utilizado como padrão de comparação entre os testes aplicados no decorrer da temporada competitiva.

Através destas análises o treinador poderá realizar intervenções relacionadas com os resultados apresentados referentes a potência, fadiga e a resistência de força de cada atleta.


EVOLUÇÃO DO ATLETA NO DECORRER DA TEMPORADA


A figura 11 demonstra os resultados do SAGAT e a evolução de uma ginasta no decorrer das etapas da temporada competitiva (Ciclos de Preparação geral, Preparação Específica, Intensificação Coreográfica e Competitivo.


É muito importante o treinador ter acesso a esses dados para que possa realizar os ajustes no treinamento como já explanado de forma geral, nos tópicos acima.

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É nítida a progressão do atleta no transcorrer do ano onde pode-se observar a evolução de variáveis importantes relacionadas com a melhora do rendimento como o aumento do Indicador Numérico médio e a diminuição dos valores relacionados ao Índice de Fadiga, Percentual de Queda de Desempenho e a Diferença de tempo entre as séries.


Interessante também notar a melhora da Linha de Tendência do gráfico, fator esse que indica um teste mais equilibrado quando comparado a 1° e a 2° série, resultando um teste que aponta uma aprimoramento nos aspectos relacionados com a melhora física da ginasta.


PLANILHA DE COMPARAÇÃO DOS TESTES


Para um diagnóstico mais detalhado entre 2 avaliações é importante utilizar

a planilha de Comparação dos Testes (disponibilizada também no final desta postagem) na qual, apenas transportando os valores gerados na planilha do Teste de Borelli, obteremos indicadores e gráficos significativos relatando o cenário de todas as variáveis disponíveis para uma comparação mais profunda entre as avaliações, auxiliando o treinador no planejamento e ajustes do treinamento do ginasta em questão.


Para alimentar a planilha basta anotar os dados dos Testes de Borelli que serão comparados, colocar os valores nas células em vermelho e os resultados aparecerão de forma automática.


LIMITAÇÕES DO TESTE


O SAGAT é um teste físico máximo, sendo importante que o atleta avaliado esteja em perfeitas condições clínicas, físicas e fisiológicas para executar o Teste de Borelli.


Como sugestão prática, uma atenção especial, incluindo uma ótima orientação, deve ser realizada para atletas juvenis.


O teste, devido a sua altíssima intensidade e as devidas respostas fisiológicas, não é indicado para ser aplicado nas categorias infantil (11-13 anos) e infanto-juvenil (12-14 anos).

Além disso, o SAGAT foi elaborado incluindo 3 elementos de base do código de pontuação da Ginástica Aeróbica para aumentar a especificidade do teste.


É importante que a velocidade de execução desses 3 elementos seja compatível com uma qualidade de execução aceitável de cada ginasta para que o teste seja considerado válido.


Assim, o SAGAT necessita ser aplicado por um treinador capaz de realizar essa avaliação.


A atleta deve receber as instruções antes do teste e se a ginasta não cumprir as orientações, o teste deve ser cancelado.

Esse conteúdo de subjetividade do SAGAT deve ser observado com cautela por cada treinador para possibilitar comparações adequadas entre os valores do SAGAT ao longo de uma temporada ou entre diferentes atletas.


Outra limitação da versão atual do SAGAT é que sua validação foi realizada apenas em atletas de elite do gênero feminino.


Portanto, devemos ter cautela ao transpor esses resultados para atletas do gênero masculino, apesar de que quando aplicado nessa população (de forma bastante reduzida) obteve respostas semelhantes ao feminino.


Novos estudos ainda são necessários para validar o SAGAT em outras populações.


CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS


O metabolismo anaeróbio lático parece ser determinante para o desempenho de atletas de Aeróbica.


O SAGAT é um teste de campo validado para avaliar o desempenho físico anaeróbio de atletas dessa modalidade.


Os valores obtidos no Teste de Borelli podem ser utilizados para avaliar a potência anaeróbia bem como a resistência a fadiga de uma atleta.


Portanto, esses parâmetros podem contribuir na periodização e no controle do treino dos atletas e auxiliar técnicos e preparadores físicos que trabalham com a Ginástica Aeróbica.


O Indicador Numérico máximo esboça uma relação com os parâmetros de velocidade e potência do atleta, e o Indicador Numérico mínimo está diretamente ligado com o nível de fadiga do atleta no decorrer das sequências do SAGAT, dessa maneira o Indicador Numérico médio demonstra uma boa relação entre os dois.


Através das análises destes Indicadores ocorre um aumento nas possibilidades para controlar mais variáveis do treinamento e realizar os acertos necessários de acordo com as diretrizes do planejamento proposto.


Espero que façam uma excelente utilização e será um prazer trocarmos informações a respeito de todas as variáveis aqui apresentadas.


Fico no aguardo!!














 
 
 

8 Comments


Pollyanna França
Pollyanna França
Jul 05, 2022

Show!

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Borelli
Borelli
Jul 05, 2022
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Oi minha querida, tudo bem? Muito obrigado pela visita e pelo apoio de sempre! Sua opinião é muito importante e fiquei feliz demais por ter gostado! Grande beijo

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Carlos Alexandre Felicio Brito
Carlos Alexandre Felicio Brito
Jul 04, 2022

Realmente.... Prof. Borelli, o Sr. sempre nos surpreendendo. Ficou muito bom mesmo. Só um ponto para refletir na figura 4. O indicador descrito como "péssimo", poderia ser trocado para "muito fraco". A ideia de "péssimo" pode passar um significado negativo no engajamento do atleta (ou futuro atleta!). Essa qualidade deve servir como uma rubrica no processo de melhora dele, que foi pensado e elaborado por você. Ao se deparar com algo "muito fraco" (em vez de péssimo), ele talvez poderá perceber que há condições de chegar no "fraco" ou no "regular" ... devido a dedicação dele sobre os treinos. Com efeito, ele poderá se sentir engajado no processo de treinamento que vc planejou, aplicou e avaliou (Teste Borelli), portanto dando…

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Borelli
Borelli
Jul 04, 2022
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Perfeita sua colocação meu querido amigo e doutor! Não havia enxergado por esse olhar e certamente trocarei a legenda dessa figura. Todo seu parecer faz muito sentido e críticas construtivas como essa são tão importantes quanto a postagem, muito obrigado. Fico feliz que tenha gostado do texto e só me serve de combustível para continuar a caminhada...Estamos juntos parceiro!

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venturellilaura017
Jul 03, 2022

muito legal bori!! 👏🏻👏🏻👏🏻

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Borelli
Borelli
Jul 05, 2022
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Muito obrigado minha linda!!

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anaclaraarboleda
Jul 02, 2022

demais!!! ❤️❤️

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Borelli
Borelli
Jul 03, 2022
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Muito obrigado minha querida!

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