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PROPOSTA DE AVALIAÇÃO PARA MEMBROS SUPERIORES-TESTE DE FLEXÕES PLIOMÉTRICAS ALTERNADAS

  • Foto do escritor: Borelli
    Borelli
  • 9 de set. de 2020
  • 17 min de leitura

Atualizado: 5 de mar. de 2021





No último post discutimos a proposta de um teste de desempenho utilizando o salto vertical como instrumento de mensuração (CMJ 75%).


Ficou claro a importância deste tipo de avaliação pois a Ginástica Aeróbica solicita demais dos membros inferiores, evidenciado pelos deslocamentos contínuos no tablado através dos pequenos saltitos utilizados no decorrer de toda a coreografia aliados aos grandes saltos e também a alguns elementos de força e flexibilidade que do mesmo modo requisitam muito da musculatura das pernas.


Da mesma forma os membros superiores são extremamente exigidos na modalidade demonstrado pela movimentação constante e coordenada dos braços durante a rotina competitiva associado a elementos de força estática e dinâmica, conjuntamente com as quedas em posição de flexão após saltos que finalizam no piso.

Uma forma prática e conhecida de avaliar a força de membros superiores é através dos testes de flexão de braços (push-up) apresentados com frequência na literatura.


O formato desta publicação será distribuído em 3 partes : Na primeira apresentaremos um pequeno acervo de artigos dissertando sobre a utilização das flexões como critério de avaliação e desempenho da força em membros superiores; em um segundo momento exibiremos uma proposta de teste para a Ginástica Aeróbica utilizando as flexões pliométricas como instrumento de avaliação e por último a explanação de alguns dados da aplicação do teste proposto na parte 2 em dois anos seguidos de avaliações com o mesmo, apesar de pequeno, grupo de ginastas das categorias de base (infanto-juvenil e juvenil).

PARTE I – UMA RÁPIDA ABORDAGEM DOS TESTES DE FLEXÕES DE BRAÇOS NA LITERATURA


Os testes utilizando as flexões de braços são bastante divulgados no acervo acadêmico no decorrer dos tempos.


Marinho & Marins,2012 (Teste de força/resistência de membros superiores:análise metodológica e dados normativos) apresentam os aspectos metodológicos relacionados à validade, fidedignidade, objetividade e procedimentos específicos utilizados nos testes para avaliação de membros superiores, dentre eles os de flexão de braços que se mostram eficientes, confiáveis e de fácil aplicação servindo como ferramentas que empregam baixo custo, além de requererem pouco treinamento do avaliador.

Os artigos Perfil morfológico de atletas de esgrima após 12 semanas de treinamento (Monteiro et al, 2017) e Effect of progressive calisthenic push-up training on muscle strength and thickness (Kotarsky et al,2018) fazem uso também das flexões de braço para mensurar desempenho de força de membros superiores pré e pós programas de treinamento.

Rodrigues, 2006 (Análise do teste de flexão de cotovelos para verificação da resistência muscular localizada em membros superiores) elabora uma relação de vários protocolos de testes empregando as flexões de braços e faz um destaque à alguns dos mais utilizados na literatura como o Teste de flexão de braços sobre o solo (ROCHA, 1998), Teste de flexão de braços sobre o solo (MONTEIRO, 1998), Teste de flexão de braços sobre o solo (SÁNCHEZ, 1997) e Flexão de braços no solo (Canadian Standardized Test of Fitness, 1986).


As flexões de braços pliométricas também são bastante investigadas e aplicadas como protocolos de pesquisa e avaliação.


Em um artigo recente Ryan et al, 2019 (Validity and reliability of a plyometric push up upper body power test) afirmam que a flexão de braços pliométrica pode ser usada como um método confiável, prático e independente de determinar a potência da parte superior do corpo.


Speranza et al, 2017 (An Alternate Test of Tackling Ability in Rugby League Players) realizam um experimento fazendo uso de uma plataforma de força utilizando o teste de flexões pliométricas como instrumento de avaliação da força de membros superiores e verifica uma correlação significativa do pico de potência em relação a capacidade de arremesso do medicine ball.

No texto Are plyometric push-ups a reliable power assessment tool? (Hogarth et al, 2013) além do uso da plataforma de força, um sensor cinético também foi empregado para a realização de um teste utilizando a flexão pliométrica como objeto de investigação e os resultados encontrados demonstraram boas indicações na identificação de talentos, na avaliação de programas de força e fins de monitoramento da fadiga em populações esportivas profissionais.


Muito interessante e elucidativo os artigos de Dhahbi,2016 (Variation of plyometric push-ups affects force application kinetics and perception of intensity) e Zalleg et al, 2018 (Explosive push-ups: From popular simple exercises to valid tests for upper-body power) nos quais eles avaliam 5 tipos de flexões pliométricas, 3 delas na posição ajoelhada: Kneeling-Countermovement-Push-up (KCPu), Kneeling-Squat-Push-up (KSPu) e Drop-Fall-Push-up (DFPu) e 2 sem o apoio dos joelhos: Standard-Countermovement-Push-up (SCPu) e Standard-Squat-Push-up (SSPu). (Figura 1)

Através de suas investigações e análises dos movimentos elegidos, realizados na plataforma de força, constataram que as flexões pliométricas sem apoio dos joelhos (SCPu e SSPu) apresentaram a força inicial e a força de impacto com valores maiores quando comparados as com apoio dos joelhos (KCPu, KSPu e DFPu), além disso, o tempo de vôo foi maior durante os exercícios em posição ajoelhada em comparação com os exercícios em posição padrão.

Esses resultados podem fornecer informações aos profissionais da área para selecionar os exercícios mais adequados para diferentes objetivos e populações-alvo.


A variação das flexões pode ser escolhida de acordo com o objetivo do treinamento proposto. Por exemplo, caso o treinador deseje um treino voltado para um conteúdo com uma predominância mais excêntrica deverá fazer uso daquelas flexões com maior força de impacto. (SSPu e SCPu).


Já por outro lado, para treinos que pretendem desenvolver a força de membros superiores através do método pliométrico sem sofrer grande força de impacto, recomenda-se o DFPu.


Além disso é importante o treinador entender que as flexões pliométricas envolvem cerca de 70% do peso corporal quando na posição sem apoio dos joelhos e próximo de 45% do peso corporal da posição ajoelhada.


A força de impacto também foi abordada com relação ao sistema músculo-esquelético dos membros superiores e constatou-se que ela exerce cerca de 1,9 e 1,4 vezes o peso corporal das posições sem apoio dos joelhos e de joelhos respectivamente, sendo que esse achado pode ser utilizado para o cálculo da carga total a que um atleta é submetido durante um treino para garantir o estímulo suficiente para adaptação, evitando excesso de treinamento ou lesão.


Os autores concluem que é possível ajustar a intensidade dos exercícios de flexão pliométrica e treinar a força muscular dos atletas interpretando corretamente os parâmetros baseados nas análises das forças investigadas.


Na publicação Kinematic Analysis of Four Plyometric Push-Up Variations (Moore et al, 2011) o autor analisa entre outras investigações, algumas respostas referentes a alturas de queda nas flexões pliométricas reportando os picos máximos da força da reação vertical do solo e do voo.


As alturas de quedas investigadas foram de 3,8 cm, 7,6 cm e 11,4 cm e para ser considerada como uma repetição completa os sujeitos deveriam se colocar em posição de flexão 4 apoios (Figura 2a), abaixar-se em direção à plataforma de força e em seguida empurrar-se de forma vigorosa para cima aterrissando com as mãos nas caixas de suporte (Figura 2b).


Na sequência saiam dos apoios, pousavam no solo e imediatamente empurravam-se para cima em direção as caixas e novamente deixavam os suportes finalizando com a aterrissagem na plataforma de força.


O procedimento utilizado acima, com algumas modificações e variações, também faz parte de um dos momentos específicos do teste proposto neste post que será discutido no decorrer do texto.

PARTE II - PROPOSTA DE AVALIAÇÃO UTILIZANDO A FLEXÃO PLIOMÉTRICA PARA MENSURAR A FORÇA DE MEMBROS SUPERIORES, O TESTE DE FLEXÕES PLIOMÉTRICAS ALTERNADAS

Como já comentado anteriormente a Aeróbica têm uma grande solicitação dos membros superiores no decorrer de toda a coreografia, seja na movimentação frenética dos braços assim como nos elementos de força estáticos e dinâmicos e em quedas na posição de push up após alguns tipos de saltos.


O conceito pliométrico também é bastante evidenciado durante a rotina de competição quando ocorre uma combinação de elementos.


Por exemplo, após um salto Stradlle to Push up o ginasta executa imediatamente na sequência um A-Frame notabilizando desta forma a ação pliométrica dos membros superiores.


A proposta desta avaliação consiste tanto em mensurar o número de flexões totais realizados no teste como a ocorrência das repetições em pequenos intervalos de tempo de 5”, trazendo desta maneira um melhor parâmetro no que se refere a algumas análises sobre a força dos membros superiores.


A concepção do teste foi idealizado para medir a força e a resistência muscular através das flexões pliométricas com 2 diferentes posicionamentos dos braços:


1-De forma mais aberta, com um afastamento das mãos maior que a largura dos ombros, caracterizando a conhecida flexão peitoral (Figura 3 a)


2- De forma mais fechada, com as mãos praticamente posicionadas na largura dos ombros, identificada popularmente como flexão tríceps (Figura 3 b)

A dinâmica do teste consiste em realizar, a partir de uma altura de queda, as flexões pliométricas alternando a posição dos braços (peitoral e tríceps) por corresponderem a angulações específicas que envolvem tanto os elementos e combinações com relevância no conteúdo pliométrico assim como as quedas após os saltos em flexões, variando entre cada ginasta a preferência por uma aterrissagem tanto em posição peitoral quanto de tríceps.

TESTE DE FLEXÕES PLIOMÉTRICAS ALTERNADAS - PROTOCOLO DA AVALIAÇÃO


Com relação ao protocolo sugerido para o Teste de Flexões Pliométricas Alternadas, a recomendação é que se avalie o ginasta através da execução de 2 séries de 15” de flexões na mais rápida velocidade, com alternância entre as peitorais (saindo de uma altura de queda de 15cm) com as de tríceps. O intervalo deverá ser de 15” entre as séries.


Para iniciar o teste o atleta assume a posição de flexão peitoral com as mãos apoiadas sobre 2 caixas de suporte, com altura de 15 cm e uma distância de 45 cm entre elas. (Figura 4 a)


A partir daí o ginasta realiza a flexão até o peitoral chegar na linha das caixas e na sequência estende os braços impulsionando com vigor o tronco para cima (Figura 4 b), perdendo o contato com os suportes e aterrissando ao solo na posição de tríceps (Figura 4 c).


Imediatamente após o contato das mãos com o piso o atleta executa a flexão tríceps descendo o peito até próximo ao solo e em seguida impulsiona-se para cima dos apoios (Figura 4 d) para que no prosseguimento fique novamente na postura de flexão peitoral (Figura 4 e).


Esse ciclo completo é considerado como 1 repetição e o ginasta deverá efetuar o maior número de vezes possível sempre respeitando a técnica de execução, mantendo a região do core estabilizada e permanecendo com os pés unidos e no solo durante toda a avaliação.


REGISTRO DA AVALIAÇÃO


A figura 5 apresenta o protocolo em branco e pronto para ser utilizado do Teste de Flexões Pliométricas Alternadas.

Podemos observar que os registros necessitam ser apontados a cada 5 segundos, ou seja, o avaliador deve colocar o total de repetições (ciclo completo) no ítem Total de repetições acumuladas para a ocorrência nos 5”,10” e 15” e também anotar a frequência com que essas repetições aconteceram (Frequência de repetições a cada 5”).


No exemplo dado na figura 8 observamos que na 1° série, após inserido o número de repetições no Total de repetições acumuladas (5”=3, 10”=7, 15”=10), o procedimento para obter a Frequência de repetições a cada 5” é muito simples, basta diminuir o número de repetições entre 10”-5”(7-3 = 4) e teremos o valor equivalente aos 10” e depois a indicação é de que se repita o mesmo procedimento com 15”-10 (10-7=3) para encontrarmos o correspondente aos 15”. Ao final disso teremos a frequência na qual as repetições ocorreram (5”=3, 10”=4, 15”=3).


Da mesma forma deverá ser feito na 2° série e no item Total de repetições do teste deverá ser somado o número total de repetições da 1° com a 2° série (18 repetições no exemplo da figura 6).


Para a aferição dos dados da avaliação recomenda-se a utilização de 2 pessoas, uma delas realizando a contagem do Total de repetições acumuladas e a outro ficando responsável pela Frequência de repetições a cada 5”.


Caso não seja possível a presença dos 2 avaliadores a sugestão é filmar o teste para que posteriormente os resultados da avaliação sejam analisados e inclusos na folha de registro.

PARTE III- APRESENTAÇÃO DE ALGUNS DADOS DO TESTE DE FLEXÕES PLIOMÉTRICAS ALTERNADAS COM GINASTAS DAS CATEGORIAS DE BASE DA GINÁSTICA AERÓBICA


Como de praxe neste blog as publicações tentam remeter ideias e práticas que mesmo sem uma comprovação científica, mas por outro lado fundamentadas na teoria e utilizadas de forma aplicada no cotidiano do treino, parecem ser efetivas e que se mostram como instrumentos importantes no controle do desempenho dos atletas no decorrer de toda a preparação.


Não podemos desprezar dados e curvas de tendência quando avaliamos e reavaliamos com frequência as ginastas e se ainda considerarmos que isso ocorreu de forma ininterrupta no decorrer desses anos, nos mesmos momentos da programação e com um conteúdo físico-técnico do treino também muito parecido, certamente teremos uma ferramenta importante de monitoramento que não deve ser desprezada, daí a importância de fundamentar, aplicar e lançar o resultado dessas propostas para quem sabe mais adiante, validá-las cientificamente.


Os dados abaixo analisados são de uma amostra pequena (6 ginastas das categorias de base da Ginástica Aeróbica) mas qualificado, todas medalhistas de Brasileiro e com passagem pela seleção brasileira da modalidade e experiência em competições internacionais.


As mesmas atletas participaram de todas as avaliações inclusas nesta investigação (janeiro/18, abril/18, janeiro/19, abril/19 e janeiro/20). Infelizmente não foi possível a reavaliação de abril/20 por estarmos no período de quarentena imposta em função do Covid-19.


As avaliações realizadas nos meses de janeiro equivalem ao retorno do ciclo transitório (férias) e ao início do ciclo de preparação e as de abril correspondem ao final desse ciclo preparatório.


Esses ciclos possuem praticamente o mesmo tempo de duração, datas similares do calendário competitivo, características e conteúdos semelhantes quando comparados anualmente por se encontrarem aproximadamente no mesmo momento do ano do período investigado (janeiro/18 a janeiro/20).

TOTAL DE REPETIÇÕES ACUMULADAS


A figura 7 apresenta os dados referentes ao número de flexões executadas na 1° série, 2° série e Total de repetições do teste das avaliações realizadas entre janeiro/18 e janeiro/20.


Com relação a 1° série temos uma evolução de 23.5% de janeiro/18 para abril/18 e de 13% entre janeiro/19 e abril/2019.


Para a 2° série observamos uma melhora de 21% quando comparamos o período entre janeiro/18 e abril/18 e de 19% para janeiro/19 e abril/19.


Ao analisarmos o Total de repetições do teste entre janeiro/18 e abril/18, constata-se uma evolução de 22.5% e no período que abrange janeiro/2019 e abril/2019 uma melhora de 15% é averiguada.


Ao examinarmos esse gráfico observamos uma progressão nos valores de todas as variáveis estudadas (1° série, 2° série e Total de repetições do teste) em seus respectivos anos. (2018/2019/2020).


É possível observar também na prática a ocorrência de um dos princípios fundamentais do Treinamento Esportivo, o da Continuidade.


Quando apuramos, por exemplo, o Total de repetições do teste ( jan/18=9, abr/18=12, jan/19=12.2, abr/19=14, jan/20=14.3) constatamos um aumento de todos os índices no respectivo ano de treinamento e também no decorrer do processo de treino, evidenciando a evolução física quando o trabalho é realizado de forma organizada e consistente.


Podemos corroborar que nos 2 anos de investigação do Teste de Flexões Pliométricas Alternadas o grupo apresentou uma evolução da força do início para o final da preparação e que nos meses de janeiro de 2019 e 2020 o número total de repetições do teste no final da preparação tornou-se o valor do início da preparação no ano seguinte (janeiro/18 = 9.8; abril/18= 12, janeiro/19=12.2, abril/19=14, janeiro/20=14.3). (Figura 8)



Desta maneira, baseado na análise acima outro princípio do Treinamento Esportivo aliado ao da Continuidade também pode ser reconhecido,o da Reversibilidade.


É possível observar uma relação perfeita entre eles, pois os resultados demostram uma evolução na força muscular durante o período que envolve o início e o final da preparação, além de que a cada novo ciclo que se reinicia em janeiro temos um aumento nos índices no começo do ciclo preparatório, fortalecendo a dinâmica positiva aplicada no treinamento.


No caso notamos até um aumento entre as avaliações do final da preparação com relação ao início no ano seguinte, mesmo vindo de um período transitório de aproximadamente 3 semanas.


A causa disto pode estar relacionada com alguns fatores como a continuidade dos treinamentos de força até o final da temporada (meados de dezembro), o efeito residual das cargas de treino e com o treinamento de manutenção a partir do 10° dia do ciclo transitório.

Com tantas informações fornecidas as avaliações também servem, e muito, para acompanharmos a evolução dos atletas no decorrer dos anos de preparação que formam sua carreira esportiva, desta maneira é possível observar através das respostas dos testes o progresso e eventuais ajustes que devem feitos, ainda mais quando o assunto é formação de atletas como neste estudo apresentado.

MÉDIAS DAS REPETIÇÕES ACUMULADAS NO INÍCIO(JAN/18-JAN/19) E FINAL DA PREPARAÇÃO (ABR/18-ABR/19)


Para que possamos ter uma análise do número de flexões nestes 2 anos de aplicação do teste traçamos uma média das variáveis e utilizamos apenas aqueles que tiveram o ciclo anual completo (início e final do ciclo de preparação), no caso 2018 e 2019.(Figura 9)


Quando comparamos o início com o final da preparação, pode ser verificado uma melhora de 18% entre as 1° séries, 20% nas 2°séries e 18% no correspondente ao total de flexões acumuladas.

FREQUÊNCIA DE REPETIÇÕES A CADA 5”


Depois de discutido o Total de repetições acumuladas agora abordaremos a frequência dessas repetições a cada fração de 5” (5”/10”/15”).


Com isso uma série de análises podem ser feitas e entre elas descobrir que os valores absolutos, mesmo que iguais, podem ter diferenças significativas quando interpretamos o que ocorre a cada 5” no decorrer das 2 séries do teste.


Será possível também avaliarmos a diferença de desempenho de uma fração ou de intervalos de tempo específicos entre os mesmos meses e períodos de uma ano para o outro ou ainda verificarmos se ocorreram alterações expressivas entre as séries e também abordando o início e o final da preparação, por exemplo.


A figura 10 mostra a média do número de flexões executadas pelo grupo a cada 5” nas avaliações realizadas que englobam o período de janeiro/18 até janeiro/20.


É possível observar que na média, tanto no que se refere ao início e final da preparação, ocorreu um aumento no número de flexões em praticamente todas as frações, seja de ano para ano ou mesmo entre as séries.


A partir daqui vamos analisar um pouco mais detalhadamente como ocorreram e se comportaram essas variações utilizando um cálculo simples de porcentagem para quantificarmos esses valores.

PERCENTUAL DE DESEMPENHO DA 1° E 2° SÉRIE PARA OS INTERVALOS 5”-10” / 10”-15” NO INÍCIO E FINAL DA PREPARAÇÃO

As figuras 11 e 12 mostram o desempenho entre os intervalos de 5”-10” e 10”-15” tanto na 1° como na 2° série, no início e final da preparação.


Por se tratar de um teste máximo de resistência muscular o desempenho do intervalo de 10”-15” da 2° série deverá ser bastante considerado e é evidente a melhora do mesmo nos percentuais da 2° série de 2018 para 2019 e também em 2020 no início da preparação.


É constatada uma evolução de um índice negativo em 2018 (-29.5%) para -16.5% em 2019 e finalizando com um indicador positivo em janeiro/20 (10%).


Ao analisarmos os meses de abril (final da preparação) o mesmo cenário se repete também apresentando uma evolução do desempenho da 2° série no intervalo 10”-15” partindo de -29.5% em 2018 para -21.5% em 2020.


A progressão desses valores no intervalo 10”-15” das 2° séries, tanto no início como no final da preparação, demonstram uma provável evolução da resistência muscular do grupo das ginastas.


DIFERENÇA ENTRE CADA FRAÇÃO DE 5” DA 1° SÉRIE COMPARADA COM A 2° SÉRIE (INÍCIO E FINAL PREPARAÇÃO)



Ao compararmos cada fração de 5” da 1° com a 2° série podemos constatar as alterações do rendimento de uma série para a outra.

Ao considerarmos a figura 13 podemos perceber que a diferença entre cada início de preparação (janeiro) diminui de ano para ano, levando a crer que quanto mais treinado estiver o indivíduo menor será a diferença da última fração do teste (15”) entre a 1° e a 2° série (jan/18= -45.5%, jan/19= -31.8%, jan/20= -26.5%, mesmo vindo de um período de transição (férias).


A mesma relação é verificada também no final da preparação (abril) apresentando a mesma curva em relação a diferença da última fração do teste (15”) entre a 1° e a 2° série (abr/18= -52, abr/19= -28).


PORCENTAGEM DE QUEDA DE DESEMPENHO – PQD (%)

Em um artigo de 2011(Repeated-Sprint Ability - Part I- Factors Contributing to Fatigue) Girard et al, relata uma fórmula para o cálculo da fadiga em um teste de sprints repetidos conhecido por Percentage Decrement Score (Sdec) e Franchini,2014 (Fisiologia do Exercício Intermitente de Alta Intensidade) cita em sua obra o Sdec traduzido como Porcentagem de Queda de Desempenho - PQD (%).

O PQD (%) no artigo original foi utilizado com sprints mas faremos o uso dele na avaliação aqui proposta (Teste de Flexões Pliométricas Alternadas) através das flexões.


O emprego é muito interessante pois ao contrário do conhecido Índice de Fadiga que traça apenas a relação entre o melhor e o pior valor, o PQD (%) analisa todos os estímulos aplicados no decorrer do teste que em nosso caso equivalem as frações de 5”-10”-15“ tanto da 1° quanto da 2°série e quanto menor o índice do PQD (%) melhor o desempenho na avaliação.


A figura 14 apresenta a fórmula do PQD (%) do artigo original e também a adequação feita para o monitoramento da fadiga no Teste de Flexões Pliométricas Alternadas


O PQD (%) será calculado colocando o número de Frequência de repetições a cada 5” nas REPs correspondentes, ou seja : 1° série = 5” (REPs 1), 10” (REPs 2), 15” (REPs 3) / 2° série = 5” (REPs 4), 10” (REPs 5), 15” (REPs 6).


Na variável MELHOR REPs será elegida a com maior índice numérico e após isso o cálculo deverá ser feito de acordo com a fórmula prescrita.

IMPORTÂNCIA DO PQD (%) NA ANÁLISE DO TESTE DE FLEXÕES PLIOMÉTRICAS ALTERNADAS


Por exemplo, ao analisarmos 3 ginastas e caso todas finalizem o teste com 11 flexões acumuladas é correto afirmar que elas tiveram o mesmo resultado e consequentemente o mesmo índice de força para essa avaliação.


Mas será que podemos atestar que todas obtiveram o mesmo desempenho no decorrer do teste?


É aí que vem a tona a importância da utilização do PQD (%) para nos auxiliar a responder essa pergunta.


Ao observarmos a figura 15 temos as 3 distintas atletas que realizaram 11 flexões, a ginasta 1 fez 7 flexões na 1° série e 4 na 2°. A 2 e a 3 tiveram anotadas 6 flexões na 1° série e 5 na 2°.


Quando averiguamos esses valores e sua distribuição no decorrer do teste é possível compreender que a primeira ginasta realiza um número um pouco maior na 1° série (7 flexões) que as outras duas (6 flexões) mas caí um pouco mais de rendimento na 2°série (4 flexões) em relação as companheiras (5 flexões).


Teoricamente ela apresenta um desempenho menos equilibrado que suas parceiras de treino, mas e as ginastas 2 e 3 que executaram o mesmo número de repetições tanto na 1° quanto na 2° série, podemos afirmar que tiveram então o mesmo rendimento no teste?

A resposta é não e podemos comprovar utilizando o PQD(%) para traçar a curva de desempenho dessas duas ginastas.


Feito os cálculos podemos constatar que a primeira ginasta apresenta um PQD(%) de 39%, igual a ginasta 2.


Já ao compararmos as ginastas 2 e 3, as quais apresentaram o mesmo número de flexões tanto nas séries quanto no total acumulado, podemos agora afirmar com propriedade que a ginasta 3 apresenta um melhor desempenho pois seu PQD(%) é de 8. 5% enquanto a da ginasta 2 de 39%.


Mas se a ginasta 1 tem o mesmo número de flexões e índice igual de PQD (%) da ginasta 2, então quem teve melhor o desempenho?


Ao considerarmos o PQD (%) de cada série observamos um equilíbrio total na 1° série (22.5% x 22%) mas ao examinarmos a 2° série fica evidente a diferença entre elas (55.5% x 33.5%) podendo desta maneira apontar a ginasta 2 com um melhor rendimento no teste em relação a atleta.


Ou seja, apesar do mesmo valor absoluto do número de flexões (11) com o recurso do PQD (%) classificaríamos por ordem de melhor desempenho no teste a ginasta 3 em primeiro, seguida da 2 e finalizando com a 1.


Interessante também notar na figura 16 que na média entre o período de janeiro/18 e janeiro/20 quando investigamos a frequência de flexões a cada 5”-10”-15” considerando as 2 séries, podemos observar além de um aumento no número de repetições a cada fração de 5” nas 2 séries, um PQD (%) maior no início da preparação(15%) menor que no final (12,5%) demostrando uma possível melhora tanto da força quanto da resistência muscular no decorrer do treinamento.


ANÁLISE GRÁFICA DO TESTE


É bem interessante quando analisamos o teste de Flexões Pliométricas Alternadas colocando todos os resultados de suas variáveis em gráficos.


No exemplo da figura 17 temos a representação gráfica, tanto do 1° quanto do 2° teste, e é possível observarmos as mudanças de um para o outro.


Quando comparados é possível notar um aumento no número absoluto das flexões, seja no total de cada série, no final do teste e na frequência dentro das frações de 5”-10”-15” acompanhado junto de uma melhora no PQD(%) do teste como também no PQD(%) da 2° série que parece indicar um aumento da resistência muscular do ginasta em relação ao início da preparação.


Através desta formatação gráfica do teste temos em mãos uma ferramenta de diagnóstico muito eficiente pois tanto mostra as deficiência a serem corrigidas assim como a evolução da curva de força do atleta no decorrer da preparação.


ÚLTIMA FLEXÃO


Esse post apresenta mais uma proposta de avaliação, agora visando a força de membros superiores para atletas de Ginástica Aeróbica e pudemos constatar que o Teste de Flexões Pliométricas Alternadas abrange não apenas o total acumulado de repetições como também a frequência em que elas ocorrem nos intervalos a cada 5”.


Isso parece ter bastante importância pois quando aliado ao cálculo do PQD(%) trás para o treinador não apenas se o ginasta apresenta um aumento da sua força assim como também de sua resistência muscular, fundamental para que tenha uma performance de alto rendimento dentro da modalidade.


Com essas informações em mãos o responsável pela preparação física poderá monitorar o desempenho do ginasta e fazer os ajustes necessários adequando o treinamento de força para otimizar e equilibrar as possíveis deficiências salientadas pela interpretação do teste.


Agora é só começar!!


* Segue abaixo um vídeo mostrando uma série completa do teste.





 
 
 

2 Comments


Borelli
Borelli
Sep 13, 2020

Muito obrigado querida amiga, minha admiração e respeito é recíproco! E bora Aeróbica!!

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mepoli
Sep 10, 2020

Mais um riquíssimo trabalho!!!! Borelli admiração, respeito eternos por VC compartilhar tanto trabalho auxiliando e divulgando nossa amada Aeróbica!!!

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